Ataques, Deepfakes e Mentiras Virais: Como Artistas Podem Se Proteger No Brasil

A fama tem seu brilho, mas também carrega sombras. Nos bastidores dos palcos, dos streamings e dos milhões de seguidores, artistas brasileiros enfrentam um novo tipo de pesadelo: ataques virtuais, deepfakes, fake news e linchamentos digitais que escapam do controle em velocidade viral. Com a popularização das redes e o avanço de tecnologias de manipulação digital, como os deepfakes, celebridades viraram alvos fáceis. Em poucos cliques, qualquer pessoa pode ter sua imagem ou voz colocada em cenas que jamais aconteceram — e o estrago é real. “O uso de deepfake é uma das maiores ameaças à imagem de quem vive sob os holofotes”, alerta a advogada criminalista Emanuela de Araújo Pereira. “Em segundos, alguém pode colocar seu rosto ou voz em um vídeo que você nunca gravou — e isso pode arruinar carreiras.”

Especialista em Direito Penal, Emanuela explica que esse tipo de ataque não é só antiético — é crime. No Brasil, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14) e o Código Civil garantem à vítima o direito de pedir a remoção de conteúdos, a identificação de quem postou e a reparação por danos morais. Spoiler: não adianta criar conta fake achando que vai sair ileso. “A jurisprudência é clara: as plataformas podem ser obrigadas a entregar IPs e dados de quem publicou o conteúdo”, avisa a profissional.

E não para por aí. Difamações, ameaças, perseguições online (o famoso stalking) e fake news também são enquadradas no Código Penal — e as penas podem ser agravadas quando envolvem racismo, LGBTQIAPN+fobia, misoginia ou intolerância religiosa.

Para quem vive sob os flashes, proteger a própria imagem virou questão de sobrevivência. Emanuela recomenda medidas preventivas, como incluir cláusulas contratuais sobre o uso de imagem e registrar identidade visual e sonora como marca. Outro ponto-chave? Ter ao lado uma equipe jurídica e de comunicação preparada para agir rápido.

E quando a mentira já viralizou? Ainda dá tempo de reagir. “Além da indenização, a Justiça pode exigir retratação pública — nos mesmos canais onde o conteúdo ofensivo foi postado. E, se for preciso, o agressor terá que reativar perfis apagados só para se desculpar”, explica.

A exposição faz parte do show, mas isso não dá passe livre para abusos. Fãs, haters e curiosos precisam entender que existem limites — e eles são legais, no sentido jurídico da palavra. A Justiça brasileira está aqui para proteger quem teve sua honra, imagem ou integridade atacadas — seja estrela pop ou cidadão anônimo. Porque, no fim do dia, em tempos de viralizações instantâneas, manter a verdade viva é também um ato de resistência.

 

Writer: Gillian Caetano (@gilliancaetano)

Brazil Editor: Leonardo Loreto (@leonardoloreto)

Feature Editor: Taylor Winter Wilson (@taylorwinter)

Photo Courtesy of Divulgação


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